Na Cabeceira: Sangue Quente

R é um jovem vivendo uma crise existencial - ele é um zumbi. Perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas ele é profundo, cheio de pensamentos e saudade. Não tem recordações, nem identidade, nem pulso, mas ele tem sonhos. Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a "vida" de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele, mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro. Assustador, engraçado e surpreendentemente comovente, Sangue Quente fala sobre estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.
Confesso que a minha primeira impressão de Sangue Quente não foi nada boa. Como eu sempre faço nos finais de ano, resolvi dar uma olhada nas sinopses dos filmes que iriam estrear em 2013 quando me deparei com a bizarra história de R. Minha primeira reação ao ver o trailer foi "WTF?", mas o monstrinho verde da curiosidade praticamente me obrigou a pesquisar mais sobre o tal namorado zumbi - sério, que tradução é essa? - e, assim, eu descobri a existência do livro do Isaac Marion.

Não esperem nenhuma grande obra da literatura, o livro não é isso, muito pelo contrário. Pra começo de conversa ele é narrado pelo R - sim, temos um zumbi contado a sua própria história - o que já torna tudo bem bizarro, ai é só acrescentar os enormes furos e explicações incoerentes e voilá, temos Sangue Quente, um livro tão ruim, mas tão ruim que chega a ser bom!!!
Estou morto, mas isso não é tão ruim. Aprendi a conviver com isso. Desculpe não me apresentar da forma correta, mas não tenho mais um nome. Dificilmente algum de nós tem um. Nós os perdemos como perdemos chaves de carro, os esquecemos como esquecemos de alguns aniversários. O meu talvez começasse com R, mas isso é tudo que sei. 

Ler sobre zumbis que se casam, fazem sexo - creepy -, adotam crianças, tem treinamentos e são comandados por "ossudos" foi uma das experiências mais estranhamente divertidas que eu já tive em toda a minha vida! E o que dá a entender é que foi exatamente essa a intenção do autor, escrever um livro péssimo, mas engraçado, só tirar sarro de toda essa febre por zumbis. Sangue quente só não é divertido da primeira até a última página graças ao corre-corre dos últimos capítulos, que deixaram o final da história bem mal explicado e previsível - e me deixaram um pouco desapontada também -. Mas independente disso o livro já conquistou um lugar no top 5 da minha lista de guilty pleasures literários e o R já ganhou meu coração como o zumbi mais estranho e fofo que eu já conheci.

Sangue Quente chega as telonas brasileiras dia 1º de Fevereiro com o nome Meu Namorado é um Zumbi. O filme é estrelado por Nicholas Hoult (X-Men: Primeira Classe), Teresa Palmer (Eu sou o número quatro) e Rob Corddry (Procura-se um amigo para o fim do mundo).  

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