
Eu não estou muito familiarizada com a obra de Lars von Trier, então inicialmente não sabia o que esperar do filme e muito menos como reagir ao que eu via. Melancolia trata do fim do mundo, mas não da maneira habitual. Não é somente um filme sobre a catástrofe, é um filme sobre como a catástrofe - no caso a possível colisão do planeta Melancolia com a terra - afeta aqueles que talvez sejam os momentos finais de duas irmãs.
O filme é divido em dois capítulos. O primeiro - Justine - narra o casamento da moça que dá nome ao capítulo com Michael, que na minha opinião é um personagem sem sal e previsível. O capítulo começa com os recém-casados chegando na cerimônia, felizes e sorridentes. Com o avançar da festa, porém, os sorrisos se fecham, e ficam iminentes os problemas de Justine - uma jovem bastante deprimida que tenta manter uma máscara de felicidade, tentando esconder seu sofrimento.
No segundo capítulo é mostrada mais a fundo a irmã mais velha de Justine, Claire - que dá nome ao capítulo. No primeiro capítulo Claire é mostrada como uma mulher cheia de auto controle, pronta para contornar qualquer imprevisto, porém após a série de contratempos e dramas que marcam a festa, Claire aparece agora imersa em um extremo cansaço. Esta segunda parte é bastante sobre medo - o medo que Justine tem de viver e o medo que Claire tem de morrer - e sobre o que a morte representa para as duas irmãs.

As duas personagens mudam drasticamente ao longo da trama. Justine encontra na ideia da morte e extinção um alívio para todos os sofrimentos e angústias da sua vida, enquanto sua irmã Claire encontra nisso a insanidade, e o medo de morrer. Claire parece lutar contra isso, temendo o que pode se tornar, a exemplo de sua mãe e irmã.
Não posso deixar de comentar a abertura do filme, que é simplesmente esplêndida. Uma sequência montada em câmera lenta mostra os últimos momentos antes da colisão, embalada pela ópera Tristão e Isolda, do compositor alemão Wagner. Detalhes como a locação impecável, figurino e trilha sonora só comprovam a melancolia que permeia a obra.
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