Na Cabeceira: A Culpa é das estrelas

Hazel é uma paciente terminal. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante - o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos -, o último capitulo da sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta,e a de Hazel se chama Augustus Wates. Um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.
Tive medo de começar a ler A culpa é das Estrelas. Medo de ser só mais um livro sem graça e clichê em que o casal protagonista, e também sem graça, tenta viver seus últimos dias juntos num amor e melação total, sem falar sobre a morte que uma hora ou outra aparece e “rouba” a mocinha – ou o mocinho – do mocinho – ou da mocinha – e ele/ela sofre absurdamente para o resto da vida por que a pessoa amada era totalmente excepcional, sem defeitos e aquela coisa toda de só se lembrar das qualidades do outro depois que ele morre. E vamos combinar, as pessoas adoram tanto um romance com morte e luto eterno, que nem se dão conta de que o câncer afeta – e muito – o emocional de quem sofre da doença e que, muito provavelmente, a pessoa não vai ser 100% amável, feliz e tranquila com a ideia de morrer no momento mais romanticamente feliz da sua vida, como os autores(as) normalmente descrevem. 

Resumindo: a introdução enorme serviu para – além de mostrar a minha total insatisfação com romances mal escritos sobre morte – deixar bem claro que o livro de John Green é totalmente oposto de tudo isso ai. A culpa é das estrelas é um livro que retrata o cotidiano de pessoas que tem câncer? Sim. Os personagens tem medo de morrer e, muitas vezes, se lamentam pela sua situação? Sim. Mas ele nunca se torna sem graça e muito menos clichê!

Confesso que tenho um fraco por protagonistas irônicas, nada modestas no quesito inteligência e que tiram sarro da sua própria desgraça. Então, como essas são as principais características da Hazel, eu não demorei muito pra me prender totalmente ao livro. Na verdade, eu fiquei totalmente apaixonada e encantada logo nas primeiras 20 páginas e, algumas horas depois, eu já havia terminado um dos meus livros favoritos de todos os tempos. 

A história é toda narrada sob a perspectiva da Hazel, o que acaba tornando impossível com que você – leitora, principalmente - não se apaixone pelo, também irônico e nada modesto, Augustus Waters. A história de amor dos dois é real, cheia de altos e baixos, beijos e brigas, risos e choros, que tornam o livro ainda mais tocante e perfeito. No final nos restam muitas lágrimas e soluços, um coração apertado e uma vontade imensa de ler tudo de novo. O mais legal é que o que eu sinto por este livro pode ser descrito em um trecho dele mesmo: 
"Livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição" 
Não façam com que a minha “traição” seja em vão. Leiam, riam, chorem e se apaixonem pela linda história de Hazel e Gus. E sim, eu definitivamente leria até as listas de compras de supermercado do John Green! 
Eu sei que resenha ficou enorme, mas vale a pena ressaltar que A culpa é das estrelas foi escrito em homenagem a Esther Eart, que morreu de câncer há dois anos atrás, como John Green conta nesse lindo e até triste, texto. 
“Eu gostaria que ela tivesse lido A culpa é das estrelas. Imagino que teria achado o livro um pouco improvável, mas espero que ainda assim teria gostado dele. Só que nunca saberei. Estou impressionado com o fato de o livro ter alcançado um público tão amplo, mas a pessoa que eu mais quero que o leia nunca o lerá.”

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