Na cabeceira: Deslembrança

Toda noite, quando London Lane recosta a cabeça no travesseiro e dorme, cada mínimo detalhe do dia que viveu desaparece de sua memória. Pela manhã, restam-lhe apenas lembranças do futuro: pessoas e acontecimentos que ainda estão por vir. Para conseguir manter uma rotina minimamente normal, London escreve bilhetes para si própria e recorre à sempre fiel melhor amiga. Já acostumada a tudo isso, ela tenta encarar a perda de memória mais como uma fatalidade que como uma limitação. Mas, quando imagens perturbadoras começam a surgir em suas lembranças e London precisa, de algum modo, escapar delas, fica claro que para entender o presente e o futuro ela terá que decifrar o que ficou esquecido no passado.
Um novo dia, um recomeço, nova oportunidade para reparar erros antigos, certo? Errado. Um novo dia para London significa uma página em branco. Nenhuma lembrança do dia anterior. Comecemos com atividades simples como precisar anotar a roupa que você usou no dia anterior para não repeti-la no dia seguinte, anotar todo o conhecimento adquirido na escola para revê-lo no começo de todos os dias, anotar por que sua amiga está aborrecida com você ou anotar a cor do all star usado sempre pelo garoto que London quer que seja familiar. Só para reconhecê-lo.

“Por favor, ah, por favor, ah, por favor, permita que eu me lembre dele.”

Quando o relógio se aproxima de 4:33h, a mente de London  zera e a memória é apagada. Assim, parece ser bem difícil não só pra ela, mas para todos que a cercam e sabem desse segredo. Alguém mais lembrou do filme “Como se fosse a primeira vez?”
Porém, há outro detalhe. London tem lembranças, sim, mas todas pertencem ao futuro. Como deve ser ter a certeza de que aquela pessoa especial não estará mais em sua vida futuramente? Ou sentir o alívio ao saber que ela estará?

“Eu me lembro do que ainda vai acontecer. Lembro o futuro, mas esqueço o que já passou. Todas as minhas lembranças, boas, ruins ou tanto faz, um dia vão se concretizar.”

Trata-se de um campo já explorado por clichês relacionados a essa temática (como mocinhas atormentadas por problemas de memórias que precisam ser sempre conquistadas pelos mesmos mocinhos). Porém, nem todo clichê deve necessariamente ser rotulado como ruim, certo? Beijo apaixonado embaixo de chuva sempre será um clichê bastante usado. Mas acredito que não deixa de ser agradável aos olhos, deixa?

Assim, o plot desse livro tinha realmente base pra ser eletrizante. E ainda trazer um drama causador de reflexões. A verdade é que por ter encontrado semelhança no tipo de história, eu estava esperando algo tão arrebatador quanto Antes que eu vá.  A sinopse desse livro oferece um “Thriller psicológico”, mas que infelizmente, pra mim, não teve nada de thriller muito menos de psicológico.

De um jeito morno, o livro vai chegando ao final. Um romance “fofo” e quase apático e uma protagonista que não se mostra profundamente angustiada  o suficiente com a sua condição. Nas últimas dez páginas a autora quis dar todas as soluções, explicações e finalizações. Informações mal articuladas, finalizadas e jogadas pra você. Sabe capítulo final de novela em que todas as pessoas terminam casando para que tenham um tipo de “resolução”? Não que haja casamentos nesse livro, mas segue a mesma ideia. É decepcionante. Comecei e terminei o livro me sentindo da mesma forma. Talvez eu esteja sendo muito crítica, mas tento seguir o caminho do que o livro me faz sentir durante e depois que o leio. E quando o comparo com tantas histórias emocionantes já experimentadas, esse permanece morno. 

Acho que autora se esqueceu de colocar mais profundidade, mais alma nessa história que tinha tudo pra ser interessante.

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