- E eu me sentia meio que distante, entende?
- ele a olhou de relance para verificar sua reação, mas ela continuava a
afirmar roboticamente com a cabeça olhando para o horizonte.
As nuvens sempre se moviam assim tão rápido quando não se parava para notá-las?
- E, bem, você sabia sobre o que a falavam da gente...
Quem se importa?
- E você agia sempre daquele jeito... - ela viu de lado a nuvem de fumaça fria que saiu de sua boca. Boca que talvez tivesse beijado a outra minutos antes. Boca que fazia o corpo da outra amolecer como acontecia com o dela. - E você sabia não é, Fê?
- U-hum. - se limitava a responder quando ele notava sua ausência -
As nuvens sempre se moviam assim tão rápido quando não se parava para notá-las?
- E, bem, você sabia sobre o que a falavam da gente...
Quem se importa?
- E você agia sempre daquele jeito... - ela viu de lado a nuvem de fumaça fria que saiu de sua boca. Boca que talvez tivesse beijado a outra minutos antes. Boca que fazia o corpo da outra amolecer como acontecia com o dela. - E você sabia não é, Fê?
- U-hum. - se limitava a responder quando ele notava sua ausência -
Fê? Fê? Por que ele insistia em me chamar daquele modo? Para que eu sentisse pena, talvez. Mas, pena dele ou pena de mim? Como ele chamava a outra, então? Criaria um nome bonitinho pra que futuramente o usasse para terminar como fez comigo?
- E quando percebi, eu estava preso a você... - sua voz pareceu estar em câmera lenta -
E por que se soltou?
- Não gosto do clima que estamos criando entre nós dois...
Qual clima? Quando eu passo pelo mesmo corredor que você e abaixo a cabeça? Quando me escondo no banheiro no momento em que você apresenta a outra para os outros com um sorriso? Ou quando finjo desamarrar o nó do meu cadarço quando para cumprimentar o grupo?
- E eu queria ouvir sua risada alta de novo pelo refeitório... - ele abafou uma risada sem graça -
Ainda diz que não estou mais feliz sem ele por perto. E eu estou? Alguma vez eu fui?
Houve um silêncio e ele inspirou. Poderia segurar com minhas mãos todo o peso daquele momento. Senti seu olhar em mim. O olhar esverdeado com cílios aloirados que eu gostava de contar quando estávamos tão perto. E então, como se adiantássemos um filme para descobrir logo como termina, ele terminou de dizer. Disse tudo. Explicou tudo. Não diria mais nada e eu não escutaria a sua voz novamente.
- Então é... isso. Só queria poder te falar como me sentia.
Se sente melhor agora? Aliviado?
- Nos vemos, não é? - havia tensão em sua voz? Medo? Ele queria que de fato nos víssemos? Ou disse apenas para criar um ar agradável e inexistente de "Então até mais tarde"?
- U-hum. - ainda olhava para frente. Meu cabelo ainda estava úmido o suficiente para ocultar meu rosto, meus olhos com o lápis borrado, meus lábios salgados e minha garganta seca.
- Então beleza, Fernanda. - ouvi o arrastar do seu casaco pelo banco. E se levantou. Será que se perguntava por que em quase uma hora de conversa eu não havia olhado para ele uma vez sequer? - Até.
E saiu. Eu havia acordado cedo naquela manhã cinzenta e fria de domingo pra ouvir um Adeus. Pra ouvir pela última vez o timbre falhado de sua voz. Pra sentir pela última vez o seu perfume cítrico. Pra gostar pela última vez de sentir o calor da sua perna ao lado da minha... Pra dizer Adeus.
Adorei o conto, a historia foi muuuito bem feita *--* amei
ResponderExcluir