Na Cabeceira: O Livro Selvagem

Juan não imaginava que as férias na casa do tio Tito seriam tão emocionantes. Afinal, como é que ele poderia aproveitar o verão ao lado de um sujeito estranho que só convivia com livros e gatos? Assim que chegou àquele lugar que mais parecia um labirinto do que uma casa, o garoto descobriu que tinha uma missão especial: deveria encontrar O livro selvagem, uma obra que não se deixava ler, se escondendo daqueles que tentavam dominá-lo. Por que o livro resistia à leitura? Qual seria a mensagem que trazia? E por que Juan era a pessoa certa para buscá-lo? Para responder a essas perguntas, ele vai ter de mergulhar no universo empoeirado da biblioteca do tio, povoado por livros bons, maus, “livros piratas” e “livros de sombra”, que podem se movimentar pelas prateleiras e criar suas próprias histórias- histórias bem diferentes e, ao mesmo tempo, um tanto parecidas com a vida dele.
Uma definição: Mágico. Essa história une dois casos maravilhosos: magia e livros, assim como a relação de amor que existe entre os dois. A criatividade dessa história não é revolucionária. Não é um mundo futurístico, não são criaturas inéditas, não são romances impossíveis. É o simples escrito com beleza.

A história é incrivelmente bem articulada e fantástica. Abre nossos olhos para o universo encantador que existe por detrás do que seria um “simples livro”, o que acontece quando não estamos observando os livros enfileirados em prateleiras, o que sentimos quando mergulhamos em novos mundos e quando esses mundos mergulham em nós. É o que ocorre quando nos permitimos abrir a primeira página de um livro. Eu escrevo essa resenha especialmente emocionada porque os amantes sabem o poder inspirador e modificador que um livro pode exercer sobre nossas vidas.

Os personagens são muito especiais. A maneira genial como o autor arquitetou as palavras para descrevê-los e principalmente suas falas, suas manias, seus detalhes, suas associações. É lindo. O tio Tito, dono da biblioteca surreal, é fascinante assim como o que se aprende com ele. O autor Juan Villoro soube perfeitamente dialogar com o leitor, soube nos envolver, nos levar aos caminhos daquela biblioteca. Porque ele desde o princípio se mostra como um de nós. É conversa de igual pra igual.

O meu envolvimento com esse livro foi mais que especial e se tornou um dos meus favoritos porque não tinha visto esse amor por livros da forma como me foi apresentada. E garanto que com você acontecerá o mesmo. Talvez sirva para te mostrar que os livros chegam à você porque são eles que te buscam e que quando você entra em uma livraria e tem sua atenção captada, sem razão aparente, por um certo livrinho não seja apenas uma coincidência...
“Há pessoas que acham que entendem um livro só porque sabem ler. Eu já disse que os livros são como espelhos: cada pessoa encontra neles aquilo que está em sua própria mente. O problema é que você só descobre que existe isso dentro de você quando lê o livro certo. Os livros são espelhos indiscretos e arriscados: fazem com que as ideias mais originais saiam da sua cabeça e trazem à tona outras novas que você não sabia que tinha. Quando você não lê, essas ideias ficam presas dentro da sua cabeça e não servem para nada.”

CONVERSATION

0 Comentários:

Postar um comentário

© Blog AGAP 2009 - 2016. Todos os direitos reservados.